“Tira as sandálias dos teus pés,
porque este lugar em que estás é uma terra santa” (Ex 3,5)
Introdução
1. Todo
saber tem seu mistério.
2. O estudo
da teologia hoje navega por mares bravios, diferente dos tempos da cristandade.
3. O
estudante é chamado a uma tarefa exigente: refazer esquemas e linguagens de
forma que comunique hoje os conteúdos essenciais da fé.
4. Estudo
marcado por 2 momentos:
1) estar no
meio das pessoas ouvindo suas angústias e incompreensões;
2) estar no silêncio
do quarto pensando o que foi dito, ouvido, rezado.
1.1. O contexto teológico atual
1. Ela
estabelece relação de vida com os leitores e estudantes.
2. A
complexidade e as dificuldades da vida assinalam situações cada vez mais
problemáticas para a fé do cristão. Sem avançar nos estudos de sua fé, ele se
sentira cada vez menos capaz para dar conta desse novo contexto cultural.
3. O
pluralismo apresenta-se para a teologia como chance e desafio: chance de se
expor em diversos ambientes, atingir diferentes públicos; desafio a se
comunicar com diferentes interesses sem trair sua fidelidade fundamental à
revelação. (diálogo ecumênico, interreligioso, cultural)
4. Função da
teologia: ajudar o cristão a se libertar dos entraves conceituais e tomar
decisões corretas na prática pastoral.
5. O futuro
da teologia e da pastoral vai depender de sua capacidade de criar novas formas
de interação com seu contexto.
6. A
teologia difere das outras ciências no sentido de querer ser mais companheira
do que objeto a ser conhecido.
7. “Prefiro
não refletir sobre a fé, para não perdê-la”.
8. Distância
entre teologia e pastoral.
9. Teologia
(theós+logía): etimologicamente
significa “um discurso, uma palavra, uma ciência de ou sobre Deus”.
10. O ser
humano quer compreender a sua fé. pela fé, ele lança porte intermédia que o
liga a Deus. Não quer fazer qualquer estudo de Deus. Mas intenta aprofundar,
justificar, esclarecer seu ato de fé nele. Portanto, a teologia define-se como
reflexão crítica, sistemática sobre a intelecção de fé. E a fé termina em Deus
e não nos enunciados a respeito de Deus.
11. 2
dimensões da fé: “fides qua”: ato de entrega livre à Palavra revelada e
comunicada pela Igreja; “fides quae”: reconhecimento da força dessa Palavra e
adesão de vida conforme ela orienta. Ou seja, sem fé não se faz teologia.
1.2.
Teologia e pastoral: perspectivas distintas
Teologia e
pastoral, duas grandezas distintas, põem-se a serviço da mesma causa: o
processo evangelizador. Contudo, no curso de teologia, ambas as instâncias
estão em contínua tensão. Cada uma delas apresenta natureza própria, disputando
com a outra o tempo, o empenho e a energia do estudante.
I. Colaboração recíproca
Ambas se
interpenetram e prestam ajuda recíproca. A teologia ilumina a pastoral, fornecendo
conceitos e categorias que ajudam a fé a purificar-se de concepções
ultrapassadas, insuficientes ou demasiadamente marcadas par ideologias que a
condicionam de forma negativa. Fornece instrumental teórico que auxilia a
compreensão e reinterpretação sempre atuais dos dados da fé. Ao mesmo tempo,
mune a prática pastoral de chaves de intelecção que fornecem as condições para
se ler, à luz da fé, qualquer realidade humana: o trabalho, o lazer, a
sexualidade, a ecologia, etc.
A pastoral ilumina a
teologia enquanto levanta perguntas que lhe possibilitam aprofundar a intelecção
do dado revelado. Por exemplo: o compromisso e solidariedade com os pobres e
oprimidos gera a pergunta sobre a repercussão social da automanifestação de
Deus e a respectiva resposta humana. As questões culturais, levantadas pelos afro-americanos,
interrogam a liturgia, a teologia das religiões, o conteúdo de outros tratados
teológicos e até a forma de falar sobre Deus. Efeito semelhante tem o crescente
protagonismo das mulheres, dos jovens, o engajamento de cristãos nos diferentes
movimentos da igreja. A realidade, filtrada nas pastorais e movimentos,
estimula a busca de novos instrumentais teológicos. Modelos de Igreja, mais
condizentes com novos desafios de determinado contexto sociocultural, criam
condições para emergência de novas "matrizes teológicas", com seus
paradigmas correspondentes. Por fim, a prática pastoral, estendida à atuação
sociopolítica que extrapola o âmbito eclesial, constitui um critério de verificação
da pertinência de determinada reflexão teológica.